No sentido dos cinco sentidos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Contos de encantar

- Até agora, senhor, a minha morada tem sido nas montanhas e nunca a neve ou a geada me apoquentaram. Mas envelheço e não posso suportar este frio cortante. Suplico-lhe que me deixe entrar e aquecer à sua lareira para que sobreviva a esta noite agreste.
Ao compreender o estado desesperado em que o animal se encontrava, o sacerdote sentiu o coração transbordante de piedade e respondeu-lhe:
- Com certeza. Entra depressa e aquece-te.
O texugo, encantado com a recepção, entrou na cabana e deitou-se junto da lareira, enquanto o sacerdote, com renovado fervor, recitava as suas preces e tocava o seu sino diante da imagem de Buda, a olhar a direito na sua frente.
Volvidas duas horas, o texugo despediu-se com profusas expressões de agradecimento e, a partir de então, voltou à cabana todas as noites trazendo ramos secos e folhas dos montes, para a lareira. O sacerdote ganhou-lhe amizade e habituou-se tanto à sua companhia que, se a noite passava e o texugo não vinha, sentia a sua falta e inquietava-se a pensar porque não apareceria.
Logo que o Inverno acabou e a Primavera chegou ao fim do segundo mês do novo ano, o texugo interrompeu a visita e só no Inverno seguinte reatou o seu velho hábito de visitar a cabana.

Conto de encantar "A gratidão do Texugo" in Fairy Tales of the Orient de Pearl S. Buck.
A amizade é um dos fundamentos mais fortes para acreditarmos que Deus existe (no caso, Buda).
E pronto, por hoje já chega. Estou a cair de sono.
As fábulas adormecem-me com a mesma facilidade que um chá de camomila bem quente.

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