
O negócio da compra e venda de teses de Mestrado e de Doutoramento não é novo. Já sabemos. A notícia que veio a lume por estes dias reitera a preocupação com este problema muito sério que, ao que parece, tem vindo a agravar-se. Digo "ao que parece" porque não se sabe ao certo a dimensão de tal mercado nem em que proporções tem aumentado.
Segundo o DN, "Fonte oficial do Ministério do Ensino Superior rejeitou qualquer responsabilidade na prevenção de plágios, remetendo-a para o júri, que "deve estar a par da investigação nas suas áreas"." O júri? Sim, sim. Parece que estou a imaginar os elementos do júri preoupados com esta questão... Ainda mais visto tratar-se, essencialmente, de interesse dos mestrandos ou doutorandos plagiados.
Diz ainda o DN que "algumas universidades acabam de adoptar um programa informático, o Ethorus, que facilita a detecção de plágios. Mas, ao contrário dos códigos de universidades americanas, em que o plágio pode dar lugar a expulsão, em Portugal, a penalização é discreta. É-se convidado a retirar os trabalhos, podendo ser reapresentados depois. E tudo morre no silêncio das cumplicidades do meio académico."
É fartar vilanagem.
Pergunto: como é isto possível? Onde está então o mecanismo preventivo necessário à tentativa de resolução da questão? Uma atitude tão desonesta e que exige, naturalmente, um sistema rígido de detecção de fraude não possui sanção?? Ou seja, o acto de arriscar não é sequer objecto de punição?
Desconheço os códigos americanos referidos. Porém, uma coisa sei. Não há maior traição do que a realizada contra si mesmo. Quando este princípio, no entanto, não está subjacente à mentalidade de um povo, há que defender os poucos que ainda remam contra a maré.
A descrença no valor do sistema de ensino de um país é um sentimento que me causa extrema angústia.